A vida de April May é tranquila. Tem poucos amigos, trabalha em uma start-up e divide um apartamento com Maya, com quem mantém um relacionamento sem querer assumir nada. Literalmente da noite para o dia, a jovem vê sua vidinha pacata mudar radicalmente.

Em uma madrugada, ao sair do trabalho, April esbarra em uma escultura enorme que apareceu no meio da rua. Sem saber quem é o autor, mas instantaneamente fascinada pela obra, April convida o amigo Andy para filmar o robô gigantesco. O vídeo no YouTube viraliza e a garota fica famosa por “apresentar” Carl ao mundo.

Carl é o nome que April deu à escultura de robô. Diversos Carls idênticos apareceram em vários países ao mesmo tempo e de maneira misteriosa. Ninguém sabe como eles foram instalados, de onde vieram, de que material são feitos, nem qual o objetivo deles. E é aí que a situação fica tensa, pois a população começa a se dividir em quem defende as esculturas e quem tem medo delas.

April May acaba sendo a representante ideológica do grupo que acredita que Carl não representa uma ameaça. Ela quer conhecer mais a respeito da escultura e até investiga detalhes interessantes acerca do robô, mas não acha que as pessoas precisam se sentir coagidas por Carl.

April é uma protagonista complicada. Ela é tímida, só que gosta da fama. Não quer ser deixada de lado, só que tem medo de relacionamentos sérios. Quer saber mais sobre os robôs gigantes, só que quer fazer tudo sozinha. Algumas atitudes dela me deram nos nervos, eu queria gritar o quanto ela estava sendo idiota. É inegável que a personagem tem tridimensionalidade, o quanto é humana.

No início, fiquei incomodada com o estilo da narrativa. É em primeira pessoa, mas a protagonista já viveu todos os acontecimentos e fica revelando alguns fatos que ainda acontecerão. Após as primeiras páginas eu me acostumei, só que demorei um pouco a me envolver com a trama por conta desse detalhe.

O desenvolvimento é ágil. Está sempre ocorrendo ou prestes a acontecer alguma coisa. Eu lia vidrada, ansiando saber como tudo iria se desenrolar. O final é um pouco aberto e me deixou com dúvidas. Procurei na internet e descobri que o livro não é único, então espero que a continuação explique alguns detalhes.

Uma Coisa Absolutamente Fantástica (primeiro romance de Hank Green - irmão do John Green) é muito mais que uma simples história de mistério envolvendo a aparição de uma escultura de três metros. O romance trata sobre o comportamento humano diante do desconhecido, a aparição de celebridades instantâneas por causa das redes sociais, a existência de pessoas bissexuais, a atitude oportunista de algumas mídias e até questões políticas. Por conta do que estamos vivendo no país nos últimos meses, todos esses temas foram bem mais interessantes para mim que o suspense acerca do robô!

"Somos todos indivíduos, mas o fato de estarmos juntos é muito maior. Se isso não for protegido e acalentado, nosso futuro é tenebroso."

Uma Coisa Absolutamente Fantástica - #1

Autor: Hank Green

Editora: Seguinte

Número de páginas: 344
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